Nesses tempos de quarentena e isolamento, de vez em quando sobra um tempo para a gente relembrar alguns momentos de nossa história pessoal. Alguns importantes, outros pitorescos, uma pitada de momentos divertidos, outros constrangedores. Dizem que recordar é viver, não é? E no rol dos momentos marcantes, estava lembrando de um encontro que pode ter mudado minha vida profissional.
Estava ainda cogitando a ideia de abraçar uma nova atividade como planejador financeiro pessoal. Lá pelos anos 2.000, em um treinamento, fui apresentado ao meu futuro colega Louis Frankenberg. Um homem que ousou, mais de 30 anos antes, se lançar em uma profissão até então totalmente desconhecida no Brasil, a de educador e planejador financeiro. Um pioneiro com uma história de vida impressionante. Sobrevivente do Holocausto, de campos de concentração nazistas, superou tudo isso e se tornou um dos economistas mais respeitados do País, sendo fundador e primeiro presidente do IBCPF (hoje Planejar), instituto responsável pela certificação internacional de profissionais financeiros no Brasil (CFP).
Na época já com seus setenta e poucos anos, mostrava uma vitalidade e uma paixão pela sua vocação que me tocou profundamente. Acredito que, naquele momento, as dúvidas que ainda estivessem me rondando se dissiparam, e foram substituídas pela convicção em saber que eu havia encontrado meu caminho profissional definitivo.
De toda a sua vasta obra um pequeno guia me marcou. Nele, 32 princípios consolidados pela sua vivência. Muitos deles, além de absorver, eu praticamente incorporei como “mantras”, e provavelmente centenas de clientes meus já me ouviram “recitar”. Para que não pensem que que eu sou o autor (quem dera...), quero compartilhar alguns deles com vocês por aqui. Obrigado, professor!
1. Saúde física e mental são essenciais para o contínuo crescimento intelectual, espiritual e financeiro.
2. Para se dar bem na vida, pergunte-se: será que domino o dinheiro ou sou dominado por ele? Relembre: dinheiro é somente um meio para alcançar seus sonhos e objetivos mais desejados. Nunca deve tornar-se um fim em si.
3. É absolutamente imprescindível estabelecer metas realistas e viáveis em sua vida, além de diretamente relacionadas ao determinante fator tempo e suas condições financeiras pessoais e familiares.
4. Ego, vaidade ou ostentação podem dificultar seu relacionamento profissional e comunitário ou mesmo conduzir a investimentos equivocados. Humildade e reflexão, ao contrário, conquistam amigos e levam ao sucesso.
5. Encare os jogos de azar apenas como entretenimento, assim como os investimentos baseados no fator sorte. Eles jamais devem ser levados a sério ou envolver valores significativos. Lembre-se que os raros prêmios distribuídos são pagos por você mesmo.
6. Entendimento, sintonia e muito companheirismo entre cônjuges, na busca de prioridades, objetivos e metas de vida, ampliam o controle sobre finanças familiares.
7. Persistência, paciência e disciplina são virtudes fundamentais na construção gradativa de seu patrimônio e de suas finanças. Cultive-as. Otimismo o ajudará a superar as constantes frustações de curto prazo pelas quais você passará.
8. Evite tomar decisões financeiras de vulto sob apelo emocional ou quaisquer outras formas de pressão. Medite a respeito dos prós e contras e não se precipite. O bom senso deve prevalecer. Na dúvida, adie a decisão.
9. Desconfie das ofertas de ganhos excepcionalmente elevados. Negócios e investimentos fantásticos podem ser enganosos e ocasionar grandes perdas.
10. Procure evitar o "comportamento de manada", ou seja, imitar os outros. Evite igualmente trocar constantemente sua carteira de investimentos favorecendo, eventualmente, mais a intermediários do que a você mesmo, em razão de maiores custos financeiros envolvidos.
11. Estimule seus filhos a valorizar as conquistas feitas por meio do próprio esforço. Bens materiais não são substitutos do amor paterno ou materno. Não os deseduque dando-lhes tudo o que pedem.
12. Mantenha um orçamento mensal de suas receitas e despesas. Ainda é a maneira mais sensata de ter sob controle seus objetivos de curto, médio e longo prazos.
13. As receitas de uma pessoa ou de uma família devem sempre ser maiores do que as suas despesas. O oposto provoca descontrole e endividamento, podendo acabar em dor de cabeça ou até coisa pior.
14. Ganhar mais, gastar menos ou uma efetiva combinação desses dois fatores são as únicas maneiras de alcançar ou recuperar o equilíbrio financeiro.
15. Proteja-se dos insistentes apelos comerciais. Quase sempre são contrários ao seu autocontrole orçamentário. Dê sempre maior e irrestrito peso aos seus próprios interesses.
16. Não se constranja ao pedir desconto. Habitue-se a pesquisar os menores preços e as melhores condições de pagamento sem juros. Pratique a negociação!
17. Tomar empréstimos ou hipotecas envolvendo prazos longos são justificados somente para aquisição da casa própria, e mesmo esta após minuciosa análise.
18. Reflita longamente antes de conceder empréstimos a familiares e amigos. Tampouco permita que outros adquiram bens ou utilizem crédito em seu nome. Um sábio provérbio popular proclama: "Quem empresta perde um amigo".
19. Desequilíbrio financeiro é um dos principais motivos de separações entre casais e de outros conflitos familiares. Em casos extremos, busque auxílio de especialistas.
20. Como diz um adágio popular, as pessoas não planejam para falhar, mas falham ao não planejar.